Como usar bem o 13º salário

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23/11/2016

De acordo com levantamento do DIEESE, até dezembro serão injetados R$ 196,7 bilhões na economia brasileira por conta do bom e velho 13º salário.
Esse dinheirinho extra é “uma mão na roda” no fim do ano, todo mundo sabe! Mas há quem se empolgue tanto com o “poder de consumo” da gratificação natalina que acaba se complicando e transformando as alegrias de final de ano em 12 meses “no vermelho” no novo calendário.
Assim, para aproveitar seu 13º salário de maneira saudável não deixe de conferir as dicas seguintes.
O que é o 13º salário? 
Também chamado de Gratificação Natalina o 13º não tem nada de filantropia ou de generosidade alheia. Na verdade, o 13º é um tipo de salário indireto. É como se, a cada mês trabalhado, o patrão deixasse de pagar um pedacinho do salário ao funcionário e pagasse tudo de uma vez no fim do ano. Deste modo, o 13º salário nada mais é do que uma poupança compulsória (obrigatória) do trabalhador. Sua utilização, portanto, deve corresponder ao uso que se faria de uma poupança duramente construída ao longo de 12 meses. 
Mas porque obrigar o trabalhador a poupar, indiretamente via 13º salário? Não seria melhor que ele recebesse mensalmente um salário maior?
A intencionalidade da legislação que regula o 13º salário é garantir que o trabalhador tenha condições de arcar com as despesas extras do final do ano e do começo do ano seguinte. 
Em regra, é para isso que o 13º serve: para bancar a ceia de natal, as viagens, os presentes e (importante) para ajudar a pagar os impostos do início do ano (IPTU, IPVA, taxas municipais, etc.). 
Dito isso, se parássemos por aqui e se as pessoas utilizassem o 13º para aquilo que ele foi pensado já evitaríamos inúmeros problemas financeiros. 
Não obstante, em países subdesenvolvidos como o Brasil, nos quais a renda e o salário são muito baixos, é muito comum que as pessoas acumulem dívidas ao longo do ano.
Afinal, viver é “caro e perigoso” e qualquer imprevisto pode gerar uma bola de neve de dívidas e juros atrasados (quem nunca?). 
Por isso, o 13º também deve servir como uma “carta na manga”, para ajudar a colocar as finanças pessoais em ordem. 
Além do mais, dado o presente e arrastado processo de crise econômica, seria prudente aproveitar o 13º salário para criar um pequeno “colchão” de proteção financeira, o qual poderá ajudar a “amortecer” possíveis problemas que a crise pode trazer, tais como atraso salarial, aumento de preços e, no pior dos mundos, desemprego. Para facilitar, apresentamos quatro passos que ajudarão você a utilizar “estrategicamente” esse dinheirinho “salvador”:

1º Passo – Pague suas dívidas Utilize o 13º para quitar suas dívidas. Pague primeiro as contas que têm maior custo de juros. Em períodos de crise econômica grave, como o atual, é bom pagar também as parcelas “planejadas” que em situações normais não causariam descontrole financeiro, é melhor não arriscar. Agindo dessa maneira, você garantirá um orçamento mais equilibrando e menos dores de cabeça em 2017.
2º Passo – Pague os impostos de janeiro Se, depois de pagar as dívidas, sobrar algum dinheiro, separe o valor necessário para pagar os impostos de início de ano (IPTU, IPVA, etc.). Geralmente, são concedidos descontos significativos no pagamento à vista. Pague logo, evite parcelas e garanta um orçamento mensal mais tranquilo. 
3º Passo – Faça uma poupança Se, mesmo pagando as contas e quitando os impostos, ainda sobrar algum dinheiro, separe 50% do que sobrar como uma “provisão para tempos difíceis”. Essa poupancinha funcionará como margem de manobra caso surjam imprevistos no ano que começará. Essa postura precavida é importantíssima para a saúde financeira mesmo em tempos de paz econômica, em tempos de crise torna-se vital. 
4º Passo – “Torre” o que sobrar Parabéns! Se você chegou até aqui, provou disciplina e compromisso com sua tranquilidade financeira. Caso tenha dado tudo certo, ainda sobrou algum dinheirinho para “torrar”, é seu direito! Sei que a ideia não é tão “glamorosa”, mas é com esse tantinho que sobrou que você deve “se virar” para bancar as despesas de fim de ano. Esse é o mundo real! Com essa sobra que você poderá comprar os presentes, montar a ceia, enfim, “entrar no clima de festas”. É um “sacrifício”, eu sei, mas seu esforço será recompensado com o sono tranquilo nas noites de 2017, com menos preocupações com dívidas e contas a pagar. 
Atenção! Em meio a mais prolongada recessão econômica da história recente do país, você deve fugir de parcelas como o diabo foge da cruz. De nada adiantará cuidar do 13º salário se você sacrificar 2017 com prestações advindas e compras compulsivas de fim de ano, nada disso! 
Pense antes de comprar e só parcele em último caso. Toda essa disciplina “quase militar” é chata, eu sei! Sei também que eu talvez esteja jogando “um balde de água fria” nos seus “projetos” de fim de ano. 
É tão bom gastar e presentear as pessoas queridas, não é mesmo? Mas não vale a tranquilidade de uma vida sem dívidas. 
Neste natal, que tal mudar o foco? Se você reparar bem, perceberá que as coisas que realmente importam na vida não custam nada. 
Ainda que os presentes tenham que ser mais singelos e ainda que ceia precise ser mais modesta e sem luxos, aproveite este final de ano para reaproximar a família, deixar desavenças de lado e presentear pessoas queridas com paz, amor e perdão. Estes bens a traça e a ferrugem não corroem e também não complicam sua conta bancária!
Um feliz e santo natal e um prospero ano novo, sem sustos financeiros!
LUIZ FERNANDO ALVES ROSA Economista DIEESE 
Subseção FEE Saúde - SP