
Sinthoressor participou do evento

27/03/2025
Cícero Loureço Pereira, presidente da Fetrhotel e do Sinthoressor participou do evento.
Matéria: Contratuh
Uma palestra muito aplaudida da coordenadora do Comitê da UITA, Jaqueline Leite, garantiu mais um sucesso com a XIX Edição do Viver Mulher, promoção anual da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Turismo e Hospitalidade, Contratuh. Do encontro saiu uma proposta do presidente Wilson Pereira, constituindo um grupo, da Confederação, que passará a trabalhar num projeto e campanha nas bases sindicais filiadas, para defesa dos direitos da mulher. Inicialmente formado pelas diretoras Mariazinha Hellmeister, Jéssica Marques e Vera Moraes, está aberto a participação de quem se dispuser a integrar essa frente de trabalho.
Palestra
Jaqueline Leite foi rica em informações sobre a construção da inclusão de gênero, um processo “sociocultural, que atribui ao homem e à mulher papéis diferentes dentro da sociedade dependendo dos costumes de cada lugar, da experiência diária das pessoas, da forma como se organizam a vida familiar e política de cada sociedade.”
Ela trouxe dados estatísticos sobre a importância da mulher no Brasil, onde comprovadamente são mais escolarizadas, mas tem menor participação no mercado de trabalho e ressaltando que as ativas no setor recebem 21% a menos que os homens. Hoje as mulheres tem 39% dos cargos de gerência e trabalham o dobro em atividades domésticas.
Os números são diminutos com 53,3% das mulheres na força de trabalho contra 73,2%, de homens. Nos cargos de gerência 60,7% homens, contra 39,3% mulheres.
Desigualdades
As posições de chefia ainda são ocupadas, em sua maioria, por homens brancos em empresas privadas e organizações como sindicatos e associações de classe. Os estereótipos de gênero reforçam papéis diferenciados, destinando aos homens os espaços públicos e às mulheres o privado.
“Quando a mulher é tratada de maneira desigual em relação ao homem em vários aspectos e se expressa tanto em termos salariais como também na ocupação de cargos de poder e liderança. Há dificuldade de contratação e até o forte preconceito de empresas em relação a mulheres que têm filhos, ou que pretendem ser mãe.”
Um homem que pretende ser pai é preferido no lugar de uma mulher, com a mesma qualificação, mas que pretende ser mãe. A desigualdade atinge também as taxas de desemprego: “são mais elevadas entre mulheres e os salários são mais baixos que dos homens. Outro pormenor é que o emprego feminino é altamente concentrado em determinados setores e ocupações.”
Situação doméstica
A mulher não sofre só pela desigualdade salarial, mas é penalizada excessivamente pela situação doméstica, pela falta de divisão igualitária nas tarefas de casa, além de ter sobrecarga na atividade do lar.
Jaqueline constata também que há “dificuldade de retornar ao mercado de trabalho após a licença-maternidade” e cita Heleieth Saffioti quando
aborda a opressão feminina em diferentes estruturas sociais, incluindo o mercado de trabalho.
A mulher, na sociedade capitalista, tem dupla jornada de trabalho. Há desvalorização do trabalho feminino, tanto no âmbito produtivo quanto reprodutivo. E conclui que o capitalismo se beneficia da opressão das mulheres, extraindo delas um valor de trabalho sub-remunerado e, muitas vezes, invisibilizado.
Com o objetivo de colocar em prática a tão falada equidade de gênero, muitas empresas estão se adaptando à realidade da mulher no mercado de trabalho, flexibilizando os horários e formas de atuação. Um dos exemplos é o home office, que tem surgido como uma alternativa para as mulheres que ainda precisam cuidar sozinhas da casa e dos filhos.
Valor sindical
Ao final da palestra ela atendeu manifestações dos participantes, esclareceu dúvidas e por fim fez advertências sobre a constante desvalorização a que os meios sindicais estão sendo submetidos por uma política de exploração de que o sindicalismo não tem valor. “Esta prática tem desestimulado as bases e o trabalhador sofre a ilusão de que todos os benefícios que ele recebe vem dos patrões ou das políticas públicas”. O trabalhador vai sendo ludibriado de que conquistas como CLT, o 13º salário, o adicional noturno, o FGTS, a licença-maternidade, o vale- alimentação, os reajustes salariais acima da inflação e outros tantos benefícios que recebe não foram pelo empenho sindical. “É preciso dar conhecimento ao trabalhador que todas essas conquistas foram lutas gigantescas dos sindicatos e que agora, no caso da mulher, também é preciso levar a termos essas conquistas que só o sindicalismo na sua efetiva atuação será capaz de proporcionar.”