Mais da metade das negociações entre patrão e empregado não resultaram em ganho real

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29/01/2020

Matéria publicada no site Extra

Em 2019, caiu o número de negociações entre patrões e empregados que resultaram em correções de salários com ganho superior à variação da inflação, segundo o boletim Salariômetro da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Apenas 49,4% das negociações resultaram em aumentos reais. Em 2018, essa proporção foi 75,5%. De acordo com o estudo, o reajuste real deve voltar apenas a partir de abril.

Entre as 49 categorias profissionais, somente 25 conseguiram algum aumento real em 2019. Das 27 unidades da federação, somente 12 registraram reajustes acima da alta do custo de vida. Em 2020, a dificuldade de obter correções maiores deverá se manter. Segundo a Fipe, a menor proporção de reajustes acima da inflação no ano passado foi de alguma maneira compensada por benefícios maiores, como vale-alimentação, adicional de hora extra e banco de horas.

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— Embora, em termos históricos, a inflação de 2019 tenha sido pequena, esta foi maior do que a de 2018. Isso reduziu o espaço para ganhos reais. Como a recessão foi muito prolongada, e a recuperação está sendo muito difícil, este ano, no geral, a negociação deverá ser tão difícil quanto no ano passado, pelo menos — avaliou Hélio Zylberstajn, coordenador do boletim Salariômetro.

A inflação média em 2018 foi de 3,43%, subindo para 4,48%% no ano passado, considerando o INPC acumulado em 12 meses, referência para as correções salariais. A correção que não resultou em ganho real aos trabalhadores interrompeu sequência de seis meses de reajustes acima da inflação, como resultado da aceleração dos preços, devido à alta no preços das carnes.

O número de negociações fechadas registrou recuperação de 1,73% em 2019, após queda em 2018, como resultado de impasses gerados pela reforma trabalhista, que entrou em vigor em novembro de 2017. Foram 29.400 negociações em 2019, acima das 28.900 do ano anterior, mas ainda abaixo das 34.800 de 2017. Foram 23 os acordos com redução de jornadas e salários em 2019, abaixo dos 58 do ano anterior e dos 390 do pico registrado em 2016, auge da crise econômica.